Parque Arqueológico de Calçoene

Círculo Megalítico Pré-Colombiano no Amapá

 

Estruturas em forma de círculo, construídas com pedras de granito (megálitos), que parecem ser parte de um observatório astronômico pré-colombiano estão localizadas em uma colina, no município de Calçoene, no Amapá.

Os arqueólogos estimam que esse sítio tenha sido construído por volta de 1000 a 2000 anos atrás. No entorno desse monumento megalítico existem sítios de sepultamento que demonstram rituais complexos, com poços funerários.

Os antropólogos sabem, há muito tempo, que os índios da Amazônia, assim como muitos outros povos antigos, eram excelentes observadores dos astros.

 

 

Calçoene

 

Entretanto, a descoberta de uma estrutura física, que parece incorporar esses conhecimentos, sugere que esses índios pré-colombianos seriam bem mais sofisticados do que se suspeitava.

Esse monumento megalítico, por suas dimensões, poderia ser um observatório astronômico e centro ritualístico. Isso significaria, por exemplo, uma organização social mais complexa, com uma população maior do que normalmente são as sociedades indígenas da Amazônia, que normalmente usam barro e madeira em suas construções.

Desde o final do século 19, cientistas estudam essas sociedades complexas da Amazônia. Outras estruturas megalíticas foram encontradas nessa parte da Amazônia, inclusive na Guyana Francesa.

Como essas sociedades complexas da Amazônia se formaram ainda é uma incógnita. Possivelmente, existia algum tipo de intercâmbio cultural entre esses povos antigos. Como exemplo, as cerâmicas encontradas, por escavações arqueológicas, em volta da foz do Amazonas, demonstram grande diversidade cultural.

Os moradores dessa região, margeada pelo igarapé Rego Grande, conheciam esses monolitos há muito tempo, diziam ser um cemitério índio, havia potes no local e estavam envolvidos por vegetação densa. O Sr. Lailson da Silva, atual zelador do sítio, encontrou essas estruturas por volta de 1964, sob vegetação cerrada, quando caçava porcos do mato. No final dos anos '80, ele foi contratado para desmatar a área, para o pasto de búfalos, deixando os monolitos expostos.

Em 2001, pesquisadores do Estado do Amapá estiveram no local e tiraram fotos, mas os registros científicos foram feitos apenas no final de 2005, quando pesquisadores do IEPA (Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá) visitaram o local.

Em novembro de 2005, José Elias Ávila, meteorologista do IEPA,  observou que um dos blocos tinha um possível alinhamento com o solstício de dezembro. Foram chamados, então, os arqueólogos Mariana Petry Cabral e João Saldanha, também do IEPA, para os estudos do sítio. Os arqueólogos constataram que esse bloco de pedra foi posicionado de forma a não deixar sombra durante o solstício de inverno. Esse alinhamento leva a crer que essas construções megalíticas formaram possivelmente um observatório astronômico, talvez, um calendário solar.

As escavações desse sítio arqueológico foram iniciadas em 2006, sob coordenação do IEPA e orientação do Iphan. São, pelo menos, 127 blocos de granito, alguns com mais de 3 metros de comprimento, podendo pesar mais de 4 toneladas, dispostos em forma de um círculo, com cerca de 30m de diâmetro. Não há duvidas de que houve um grande trabalho de engenharia para se construir esse círculo megalítico.

Geólogos confirmaram que o alinhamento desse bloco foi intencional, pois existem estruturas de sustentação, calçadas por outras pedras. Os blocos vieram provavelmente, em bruto, de uma pedreira a 5km de distância, e talhados no local.

O círculo megalítico também funcionava como cemitério e local para a prática de cerimônias. Durante as escavações, foram encontrados, no interior do círculo, dois poços funerários, de dois e três metros de profundidade, tampados com pedra. Dentro e fora do círculo, estavam enterrados vários potes e urnas funerárias. As cerâmicas, da fase cunani, eram decoradas com desenhos policromados de animais.

O Governo do Amapá pretende criar um parque estadual para preservar o sítio, que teria infraestrutura para visitantes e um museu. Está localizado a 7km da sede municipal de Calçoene (384 km de Macapá). Escavações continuam sendo feitas por arqueólogos.

Para lidar com os desafios científicos, também foi criado, em 2010, um curso de pós-graduação em Patrimônio Arqueológico da Amazônia, na Universidade Estadual do Amapá. O município de Calçoene também abriga outros importantes sítios arqueológicos, como o das cavernas de Cunani. Existem também outros monumentos megalíticos na região.

Existem vários observatórios astronômicos pré-colombianos na América Central, construídos pelos astecas e maias, e na América do Sul, pelos incas. Em 2006, arqueólogos encontraram, em Buena Vista, no Peru, o mais antigo observatório astronômico conhecido da América, com datação em torno de 2000 aC.

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Monolitos do círculo megalítico de Calçoene.

 

Construções pré-colombianas de Calçoene. Os monolitos poderiam formar um calendário solar.

 

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Parque Arqueológico de Calçoene

 

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